domingo, 24 de agosto de 2008

Produção Científica Brasileira e a Biopirataria


Na Europa do século XIX a ideologia de que o conhecimento não tem fronteiras e é um bem universal era predominante e utilizada para justificar o que hoje denominamos biopirataria. Quando as tropas francesas conquistaram Portugal pilharam as riquezas artísticas e científicas, ajudados até mesmo por alguns portugueses que compartilhavam esta ideologia. Para os franceses a "aquisição" do material científico seria útil para Portugal, segundo eles, tomaram apenas ervas e produziriam conhecimento científico.

No Brasil antes da chegada da Corte a realidade era outra. Os portugueses proibiam a publicação de materiais a respeito da fauna e da flora para evitar que informações sobre minas de metais preciosos ou tipo de produção agrícola rentável no Brasil chegassem ao conhecimento das outras nações. Somente os membros do Império Português podiam realizar pesquisas científicas no Brasil. Os poucos pesquisadores que chegavam ao Brasil eram portugueses que realizavam as chamadas “Viagens Filosóficas”, eles coletavam algumas poucas amostras e as levavam para as universidades portuguesas. Por esta razão os brasileiros que desejavam se especializar tinham que ir até Portugal, como foi o caso de José Bonifácio que estudou na Universidade de Coimbra.



Com a instalação da Corte no Brasil a produção cientifica foi incentivada. Ao abrir os portos as nações amigas permitiram não apenas o livre comércio, mas também que pesquisadores estrangeiros analisassem esta rica colônia. Os artigos científicos que antes não podiam ser publicados e eram transmitidos oralmente ou por manuscritos agora podiam. O RJ toma o lugar das universidades portuguesas como o centro de pesquisas do império, isso se tornou evidente quando D. João VI cria o Real Horto, atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

As primeiras mudas do Real Horto foram “obtidas” via apropriação do jardim botânico La Gabrielle, em Caiena que fora invadida pelos “corsários’ portugueses em 1809. Era muito comum levar material ilegalmente para pesquisas no exterior, como as 21 caixas de plantas vivas originárias dos arredores do Rio de Janeiro que o botânico Auguste de Saint-Hilaire enviou para as colônias francesas.

A realidade da biopirataria permaneceu mesmo após dois séculos. Estrangeiros ainda buscam suas fontes de pesquisa na Amazônia, coletam o material que é transformado em medicamento e nos vendem a autos custos o que é nosso por direito.

O papel da família real portuguesa foi importantíssimo pois mostrou para os europeus que o Brasil era habitável e possuía condições para o desenvolvimento acadêmico. Embora o desenvolvimento acadêmico brasileiro tenha se iniciado há cerca de 200 anos muitos brasileiros que buscam uma melhor formação ainda fazem o mesmo que José Bonifácio, procuram amparo intelectual no exterior. Os portugueses já nos mostraram que o essencial pra uma nação encontra-se na educação.






Bibliografia:

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