terça-feira, 10 de junho de 2008

A História

A vinda da família real portuguesa ao Brasil foi de muita importância para o desenvolvimento intelectual e comercial da nação.
O que os motivou para realizar esta viagem? Aventurar-se a atravessar o oceano para viver e reinar em sua colônia?

Perigo! Napoleão a vista!

No inicio do séc. XIX, a Europa estava sob constante ameaça de domínio francês. A França e Inglaterra, ambas burguesas, visavam a conquista de mercados consumidores. A França subjugava regimes absolutistas e a Inglaterra financiava a resistência.
Com as tentativas fracassadas de ataque ao mar, Napoleão Bonaparte decreta, em 21 de novembro de 1806, o Bloqueio Continental, visando infringir danos a Inglaterra. Para que obtivesse êxito, todos os paises europeus deveriam acatar o tratado, deixando de comercializar com a Inglaterra. A desobediência dos termos do tratado implicaria na invasão do território por tropas napoleônicas.

Portugal na Berlinda

Em frente às decisões de Napoleão, Portugal encontrava-se num impasse: aceitar as imposições francesas e correr o risco de perder sua mais importante colônia, aliar-se a Inglaterra e ter seus territórios dominados pelas tropas napoleônicas e, sua última alternativa, estabelecer uma neutralidade com o uso de manobras diplomáticas, implicando em enormes riscos, perder o Brasil e ter seu território europeu dominado.

Por Baixo dos Panos

Com a dificuldade de decisão portuguesa, a Inglaterra sugere que Portugal transfira sua sede para sua principal colônia, livrando-se assim da iminência de ataque francês.
Para a Inglaterra a transferência da sede portuguesa para o Brasil seria uma vantagem, pois, por acordos diplomáticos entre os dois paises, os portos do Brasil seriam abertos para os paises amigos, no caso a Inglaterra, fazendo com que esta pudesse suprir os prejuízos causados pelo Bloqueio Continental. Esta mudança ainda faria com que as relações de dependência de Portugal em relação aos ingleses se acentuassem.
A Inglaterra armou, então, um plano de defesa contra o Bloqueio Continental, com o uso de navios de guerra que haviam bombardeado a Dinamarca. Caso os portugueses aceitassem a transferência para o Brasil, estes navios os escoltariam na viagem, do contrário a ordem era para que atacassem Portugal.
Napoleão enviou um ultimato a Portugal dando o prazo de até 1º de setembro de 1807 para que este acatasse o Bloqueio Continental.
No dia 20 de outubro, o príncipe-regente de Portugal, Dom João, aceitou o Bloqueio. Porém também firmou uma Convenção Secreta com a Inglaterra, isto é, um acordo de cooperação entre os dois paises caso Portugal fosse obrigado a se voltar contra a Inglaterra, a fim de evitar a guerra

Ao Mar!

Há quem diga que a madrugada chuvosa de 29 de novembro de 1807 foi um “salve-se quem puder” no porto de Lisboa. Embora se acredite, também, que foi uma manobra política perfeita para a situação, uma atitude previamente planejada, tendo em vista que as jóias da família Real, grande parte do acervo da Biblioteca Real, o Tesouro português, arquivos importantes do governo, além da maquina administrativa portuguesa, que contabilizavam 10 mil pessoas, estarem preparados para o embarque.
“Foi o único que me enganou.” Foi a frase que Napoleão Bonaparte usou, mais tarde, ao se referir a fuga de D. João.
Conforme o plano, Napoleão chegou a acreditar que os portugueses realmente teriam acatado suas ordens. Porém, quando as tropas napoleônicas chegaram ao porto de Lisboa, encontraram os navios da Família Real já à distância.

Terra a Vista! (2)

Devido a uma tempestade em alto mar, os vários navios das tropas portuguesas acabaram se separando, desviando-se da rota original. Em 22 de janeiro de 1808, após 54 dias de viagem, os navios que se desvairam da rota chegam à costa baiana. E no dia 24 do mesmo mês, a nau Príncipe Real aporta em Salvador, Bahia, trazendo consigo príncipe-regente, sua mãe, a rainha D. Maria I, “A Louca”, e seus principais herdeiros, os príncipes D. Pedro e D. Miguel.

As Medidas

Após a recepção calorosa do povo baiano, que desejava que Salvador se tornasse a capital, D. João tomou a primeira medida em terras brasileiras. Enviou a Carta Régia, abrindo os portos brasileiros às nações amigas, rompendo o pacto colonial, transformando uma simples colônia em uma nova e vasta metrópole.
Outra medida importante do príncipe-regente, antes da ida para o Rio de Janeiro, foi a criação da Escola de Cirurgia, futura Faculdade Médica de Salvador.

A Formação da Cidade Maravilhosa

Em 7 de março de 1808, a família Real portuguesa chega a São Sebastião do Rio de Janeiro, no cais do Largo do Paço, na atual Praça XV. Ao chegar, para poder se estabelecer, o governo desapropriou algumas casas dos brasileiros, o que gerou certa insatisfação por parte destes.
Algumas das mudanças feitas e medidas tomadas por D. João foram:


  • A instalação de uma fábrica de pólvora e de indústrias de ferro em Minas Gerais e em São Paulo;

  • A fundação da Academia de Belas-Artes;

  • A mudança de denominação das unidades territoriais, que deixaram de se chamar ‘’capitanias’’ e passaram a denominar-se ‘’províncias’’ (1821);

  • A criação da Biblioteca Real (1810), do Real Horto, mais tarde o Jardim Botânico (1811) e do Museu Real (1818), mais tarde Museu Nacional.
  • A fundação do Banco do Brasil, em 1808;
  • A criação da Imprensa Régia e a autorização para o funcionamento de tipografias e para a publicação de jornais também em 1808; com isto, o aparecimento do primeiro jornal publicado no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro.
  • A abertura de algumas escolas, entre as quais uma de medicina – no Rio de Janeiro;





Bibliografia:


Livros:

- Dreguer, Ricardo; Toledo, Eliete, História do Cotidiano e Mentalidades;
- Cáceres, Florival; História do Brasil;
- Gomes, Laurentino; 1808.

Sites:

- http://pt.wikipedia.org/wiki/A_vinda_da_Família_Real_para_o_Brasil
- http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/vinda.html
- http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/corte_rj.html

A Família Real Portuguesa



A família real portuguesa de 1808 era formada pela casa de bragança, a dinastia que reinava em Portugal desde 1640. Ela estava muito ligada com as outras casas reais européias em 1808, principalmente dos Bourbons da Espanha.
A rainha oficial daquela época era D. Maria I, filha do antigo rei D. José I. Porém ela não governava, pois devido a problemas mentais foi declarada incapacitada de tomar decisões. Sendo assim, quem possuía o poder de decisão era seu filho, D. João, que fora declarado principe-regente de Portugal. Este viria a se tornar rei apenas em 1818, com o título de D. João VI, dois anos apos a morte de sua mãe, sendo declarado rei do Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves.


D. João era casado com uma espanhola da Casa dos Bourbons, D. Carlota Joaquina, com que teve nove filhos, dos quais 3 eram homens e 6 eram mulheres, que eram:
- príncipe D. Francisco, morto aos 6 anos, em 1801;
- príncipe D. Pedro, mais tarde Imperador D. Pedro I do Brasil e Rei D. Pedro IV de Portugal;
- infante D. Miguel, mais tarde Rei D. Miguel I de Portugal;
- infanta D. Maria Teresa, princesa da Beira;
- infanta D. Maria Isabel, rainha da Espanha por seu casamento com Fernando VII, seu tio materno, irmão de D. Carlota Joaquina;
- infanta D. Maria Francisca, casada com seu tio materno, infante D. Carlos de Bourbon, Conde de Molina;
- infanta D. Isabel Maria, mais tarde Regente de Portugal, após a morte de D. João VI, solteira;
- infanta D. Maria de Assunção, morreu solteira;
- infanta D. Ana de Jesus Maria, mais tarde Marquesa de Loulé.





Bibliografia: